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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Colônia Francisco Sales

 
No inicio do século foram criados vários núcleos agrícolas no Estado, visando estimular a agricultura. No Sul de Minas foram fundadas, em diferentes épocas, as colônias agrícolas Francisco Sales (Pouso Alegre), Senador José Bento (distrito de Congonhal) e Inconfidentes (Ouro Fino).

A Colônia Francisco Sales, propriedade do Estado, foi criada pela Lei nº 150 de 20 de julho de 1896. Em 1905 tem início sua instalação, ocupando as fazendas de Ramos Brandão (atual cerâmica Guersoni) e a de Antonio Libânio Teixeira (atual igreja de N.S. Aparecida e se estendia até ao bairro do Cristal).

Em Pouso Alegre glebas de terra foram divididas em lotes de 5 alqueires e vendidas a imigrantes europeus ao preço de 1:200$000 (hum conto e duzentos) em seis (6) prestações. Ali fixaram-se várias famílias de origem italiana, portuguesa e espanhola. Essas famílias deram origem a uma larga descendência, que mais tarde se fixou na cidade, como os Chiarini, Scodeler, Leone, Carletti, Cinquetti, Márquez, Fernandez, etc. Em Senador José Bento fixaram-se imigrantes de origem estoniana, e em Inconfidentes alguns alemães.

As colônias contavam com a assistência do governo, havendo na Colônia Francisco Sales um trator disponível para uso dos colonos, além da assistência de um agrônomo, sementes, adubos, etc.

A topografia montanhosa, em certas áreas da colônia, dificultava o transporte da cana-de-açúcar que era plantada na serra. Por isso, o transporte era feito por meio de cabo de aço, que ia do alto da serra até o engenho, o qual era movido pela energia gerada pela água represada de um açude feito pelos colonos. Os feixes de cana, amarrados, desciam pelo cabo preso em carretilhas e passavam pela moenda, indo depois para o alambique para a fabricação de aguardente.

Havia também extensas várzeas, onde se pretendia cultivar o arroz. Para esse fim importou-se da Itália uma máquina de beneficiar arroz, movida a vapor, tão grande e pesada que foi preciso construir-se uma carreta especial para transporta-la da estação para a colônia, sendo esta instalada num prédio construído especialmente para aquele fim. Havia na colônia vários açudes construídos pelos colonos, que evidenciavam a tendência de captar-se e armazenar água para usá-la como força hidráulica.

Em 7 de fevereiro de 1905, durante o episcopado de dom João Baptista Nery, o Estado confiou a direção do núcleo colonial Francisco Sales ao Bispado, para o fim de ser estabelecido uma escola agrícola na sua sede. A escola iniciou suas atividades em 10 de agosto do mesmo ano, sob a direção do então padre Octávio Chagas de Miranda. Contava a escola com 20 alunos internos e 15 externos, todos gratuitos. O pessoal admi­nistrativo e docente compunha-se de um diretor, de um professor de preparatories e subdiretor, padre Gastão de Morais, e um professor de agronomia. O programa de ensino abrangia varia matérias, entre as quais botânica, química, geologia e meteorologia agrícola, agricultura e zootécnica práticas, com trabalhos de campo, demonstração e experiência.

A Colônia Francisco Sales não teve o resultado esperado, enquanto as de Senador José Bento e Inconfidentes prosperaram e se tornaram mais tarde cidades.Os colonos acabaram por se fixar na cidade, e a escola agrícola não teve a continuidade esperada, encerrando as suas atividades em outubro de 1906

Anos mais tarde, quando dom Octávio Chagas de Miranda assumiu a direção da diocese, a sede da colônia foi adquirida para servir de colônia de férias do Seminário, e construiu-se uma nova capela, mais ampla, em louvor a Nossa Senhora da Aparecida.

 
Referência Bibliográfica:

OLIVEIRA, Antonio Marques, Almanak do município de Pouso Alegre, 1900, p.93
GOUVÊA, Otávio Miranda. A História de Pouso Alegre, Imagem, 1998, p.134,135,136

 

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