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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Euterpe São Benedito


Dentre as tradições de uma cidade conta-se inevitavelmente com uma BANDA DE MUSICA, ainda que ela seja uma charanga. Esse barulho de latas velhas, por excelência, por vezes de alta significação, nunca faltou no patrimônio memorável das crônicas cidadinas. Salienta-se em cada história de uma cidade, quase sempre de mistura com os fatos mais notáveis dos acontecimentos políticos, a história de uma BANDA DE MUSICA, ligada a lembrança de um homem de ação, como e que se bate pelo reerguimento moral de uma causa combalida, no coração de sua terra querida, no seio da sociedade em que viva. Filantropicamente, nada mais complazivel do que a instituição de uma obra edificante.
Depois de um eclipse ligeiro, em matéria de BANDA DE MUSICA, surgiu em Pouso Alegre a “EUTERPE SÃO BENEDITO” pela energia construtora, e a liberdade filantrópica do Exmo. e Revmo. Vigário Geral Monsenhor Dr. Antonio Furtado de Mendonça, nos fins da Grande Guerra. Foi este preclaro concidadão, homem das letras, Poeta, Filosofo, mestre de muitos Doutores de hoje, que, nos deu, a nós Pousoalegrenses, a Banda de Musica “Euterpe de São Benedito”, sob a direção o saudoso maestro Paulo Patrício.
No transcorrer do tempo, outras organisações musicais apareceram medrosas, por aí, e desapareceram sem deixar o clarão extraordinário que a “Euterpe São Benedito” mantém em suas tradições.
Merece especial consideração o fato de nos diversos governos municipais balancear a receita desta organisação, musical sem que o fiel registrasse uma parada animadora. As subvenções anuais nas administrações passadas oscilaram de dois a um conto de reis. Mas essas reduções da subvenção municipal a “Euterpe São Benedito”, passaram como os ventos tempestuosos, e sucedeu-lhes a administração fecunda do Exmo. Sr. Tuani Toledo.
Este concidadão, já consagrado pelo mérito de tantas empreitadas felizes pelo seu devotado patriotismo a terra que o viu crescer, elevou a quota subvencional de um conto de réis em que estava para a de um conto e quinhentos mil reis, e cedendo a um pedido do atual Diretor da Banda Musical  “Euterpe São Benedito”, deu as chaves da casa da antiga Distribuidora de Força e Luz, onde se passaram a realisar os ensaios daquela Banda Musical, gratuitamente.
Por este feito digno de todos os aplausos, por que melhorou uma situação que vinha piorando de governo em governo, por que teve S. S. uma visão justa da utilidade que presta aquela organisaçao musical, por que obrou com desprendimento de espírito protegendo a quem merecia, não podemos deixar passar desapercebida esta digníssima pratica de virtude de um Chefe que sabe ver as conveniências em que há mancheias de razão. Louvemos-lhe a vitoria da consciência coordenada com as ordens do coração.
Fazem-se festas, soltam-se fogos, ouve-se musica. Gastos e gastos em beneficio de alguma coisa. Mas, chegada a hora de ajustar contas com a banda, essa coitada, é sacrificada. Regateiam-se-lhe por todas as formas os seus vencimentos.
Mas, tudo isso equivale a dizer que a “Euterpe São Benedito” se acha necessitada de uma reforma geral nos seus instrumentos. Nota-se se esta banda de musica ainda existe em Pouso Alegre, deve, em verdade, ao devotamente dos seus musicistas, que, na sua totalidade são operários laboriosos, e da musica não fazem profissão.
Devemos voltar as nossas vistas para a organisação musical “Euterpe São Benedito”, antes que balda de recursos, ela venha a desaparecer!   
Extraído do Jornal “A Cidade” 18/07/1937, p. 2
Escrito como no original

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