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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Muitas Histórias

Parte Histórica- Pouso Alegre (p. 75-76)

Freguezia da Cidade
Na vertente sul de um dos contrafortes da serra do Gaspar, em terreno ligeiramente accidentado, que em suave declive vai morrer na margem esquerda do rio Mandú, se ostenta a formosa florescente cidade de Pouso Alegre, tão gloriosa por suas tradicções, tão encantadora por sua bella situação topographica.
Além do nome que tão bem lhe cabe, o espírito de bairrismo tem lhe angariado o pomposo e merecido titulo de princesa do Sul de Minas.
A construcção dos edifícios tem se limitado ao terreno que fica entre o dorso do contraforte e a margem esquerda do rio Mandú, por ser o terreno da margem direita alagado, accidentalmente, durante a epocha das águas, pelas enchentes deste rio e pelas do Sapucahymirim.
No momento em que escrevemos estas linhas achamo-nos á cerca de um kilometro ao sul da localidade, e diante de nós desenrola-se o panorama lidíssimo da pitoresca cidade cuja magnificência em vão tentaremos descrever, porque só a poesia, e não a phrase tosca e solta, poderia pintar este quadro com as cores vivas e rutilantes que se acha animado.
O vulto irregular das habitações mascaradas pelo frondoso arvoredo que rompe dos quintaes; as planícies intercaladas e cobertas de verdura; o avermelhado escuro dos telhados contrastando com a brancura das paredes; a matriz, com suas torres soberbas, rendadas de ameias, campeando altivas por cima da copada das casuarinas, semelhante a um desses castellos da idade Média; onde o zelo não permitiu que a mão destruidora do tempo lhe apagasse o antigo esplendor; enfim, o fundo escuro e sinuoso dos regatos serpeando por entre a cidade; tudo isso produz uma das mais bellas paizagens que a vista jamais se cança de contemplar!
O dia vai quasi  findo: o clarão avermelhado da tarde esparge sobre a cidade os seus tépidos raios; sopra brandamente a brisa sudoeste, agitando a coma do arvoredo em cadenciado vai vem: e por cima de tudo isto arqueia se um céo límpido, côr de opala; reflectindo a cor serena e pura do cahir da tarde!...
Pelos outeiros e pelas encostas tapizadas de verdura, pastam alegres manadas de gados, semelhantes a caravanas errantes animando o quadro deslumbrante que temos diante de nós.

Pouso Alegre 1900- Tela de autoria de José Fernandes de Souza Filho
Pertencente ao Acervo do MHMTT


Fonte: OLIVEIRA, A. M. Almanack do Município de Pouso Alegre. Rio de Janeiro: Casa Mont’Alverne, 1900.

*Escrito como no original.




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